“Só não perde a cabeça porque está grudada no pescoço.”
“Parece que tem formiga na sua cadeira.”
O que é TDAH?
Sabe aquela criança ligada no 220, que não para nunca? Na maioria das vezes, isso é apenas uma característica comum da infância. No entanto, quando esse comportamento está associado a prejuízos na interação social, no aprendizado e na vida familiar, é possível que seja Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).
O TDAH pode se manifestar de diferentes maneiras. Um dos perfis mais comuns é o da criança hiperativa, que parece estar sempre em movimento e com dificuldade de ficar parada. Outro perfil é o da criança desatenta, frequentemente associada a meninas, que está sempre “no mundo da lua”, com dificuldade de se concentrar em tarefas e atividades do dia a dia.
Pessoas com TDAH muitas vezes enfrentam desafios como perder objetos, esquecer compromissos, prazos e até amigos. A impulsividade é outra característica marcante: frequentemente falam sem pensar, agem antes de refletir, comem o que não deviam e se colocam em situações de risco sem perceber.
Um erro comum é acreditar que o TDAH “passa” com a idade. Na verdade, o que tende a diminuir ao longo do tempo é o comportamento mais agitado e acelerado. No entanto, na vida adulta, as dificuldades relacionadas à desatenção e à impulsividade continuam a causar muitos prejuízos. Adultos com TDAH têm cinco vezes mais chances de se envolver em acidentes. A desatenção pode levar à perda de empregos, relacionamentos e oportunidades. A impulsividade pode resultar em problemas evitáveis e em decisões precipitadas.
Neurobiologia do TDAH
O TDAH é considerado um transtorno neurobiológico, o que significa que está relacionado a diferenças no funcionamento do cérebro. Estudos de neuroimagem indicam que pessoas com TDAH apresentam alterações em áreas específicas do cérebro, como o córtex pré-frontal, que está envolvido no controle da atenção, na tomada de decisões e no comportamento impulsivo. Além disso, há evidências de que os sistemas de neurotransmissores, como a dopamina e a norepinefrina, funcionam de maneira diferente em pessoas com TDAH, afetando a regulação do humor, a motivação e a capacidade de foco e atenção.
A genética também desempenha um papel significativo no TDAH. Pesquisas mostram que o transtorno tem um componente hereditário importante, e crianças com pais que têm TDAH têm maior probabilidade de apresentar o transtorno.
Tratamento do TDAH
A boa notícia é que existe tratamento eficaz para o TDAH em todas as fases da vida. O tratamento costuma ser multimodal, o que significa que envolve uma combinação de abordagens. Os tratamentos mais comuns incluem:
- Medicação: Os medicamentos estimulantes, como o metilfenidato e as anfetaminas, são frequentemente utilizados e têm mostrado eficácia significativa no controle dos sintomas de TDAH, ajudando a melhorar a atenção e reduzir a impulsividade e a hiperatividade. Há também medicamentos não estimulantes, como a atomoxetina, que podem ser indicados para alguns pacientes. A escolha da medicação deve ser feita de forma individualizada, levando em conta as características e necessidades de cada paciente.
- Psicoterapia: A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz para ajudar pessoas com TDAH a desenvolver habilidades de organização, planejamento e controle de impulsos. A psicoterapia pode ajudar na reestruturação cognitiva e no manejo de comportamentos desafiadores.
- Intervenções Psicossociais: Envolvem o treinamento de habilidades sociais e intervenções familiares para melhorar a dinâmica em casa e na escola. Programas de orientação para pais também são importantes para ajudá-los a entender o transtorno e aprender estratégias de manejo comportamental.
- Apoio Educacional: Crianças e adolescentes com TDAH podem se beneficiar de estratégias educacionais específicas, como adaptações no ambiente de aprendizado e a utilização de técnicas para melhorar o foco e a organização.
- Neurofeedback e Mindfulness: Embora ainda sejam considerados tratamentos complementares, técnicas como o neurofeedback e práticas de mindfulness têm mostrado resultados promissores no manejo do TDAH. O neurofeedback, por exemplo, visa ensinar o cérebro a funcionar de maneira mais eficiente, enquanto o mindfulness pode ajudar a melhorar o controle da atenção e a reduzir a impulsividade.
O manejo adequado do TDAH é essencial para melhorar a qualidade de vida de quem vive com o transtorno. Com um diagnóstico correto e um plano de tratamento bem estruturado, é possível minimizar os sintomas e ajudar o indivíduo a alcançar seu pleno potencial, promovendo um desenvolvimento saudável em todas as fases da vida.