Psiquê era uma mortal tão bela que acabou deixando a deusa da beleza Afrodite enciumada. Então Afrodite mandou seu filho Eros, o deus do Amor, para que com suas flechas a fizesse se apaixonar pelo homem mais monstruoso da Terra. Ao tentar cumprir a ordem de sua mãe Eros ficou admirando a beleza de Psiquê e acabou se ferindo com sua própria flecha.
Eros a levou para morar num palácio todo feito de ouro e pedras preciosas. Psiquê só podia ter contato com as Vozes, seres mágicos invisíveis que satisfaziam todas as suas vontades. Durante a noite Eros aparecia e eles se amavam mas ela não podia ver seu rosto nem conhecer sua identidade.
Apesar de viver feliz, sentia-se muito só durante o dia. Pediu então a Eros que a deixasse receber visitas de suas irmãs e, prometendo que jamais tentaria vê-lo, insistiu tanto até que finalmente o convenceu.
Suas irmãs ficaram muito invejosas ao ver como Psiquê vivia e ao descobrir que ela não podia ver o rosto do marido, envenenaram-lhe o espírito.
Descumprindo sua promessa e seguindo os conselhos de suas irmãs, Psiquê iluminou o rosto de Eros enquanto ele dormia. Ficou tão encantada com a beleza do deus grego deitado ao seu lado que deixou pingar uma gota de azeite quente da lamparina em seu ombro, despertando-o. Ferido, Eros abandonou Psiquê.
“O amor não pode conviver com a suspeita!”
Psique se desesperou e vagou pelo mundo tentando reconquistar o amor de Eros. Chegou ao templo de Afrodite e se ofereceu como escrava. A deusa, mais cruel do que nunca pois Psiquê tinha ferido seu filho, mandou-a realizar tarefas perigosas esperando que encontrasse a morte.
A primeira tarefa foi separar um celeiro cheio de grãos – trigo, aveia, cevada, lentilha – em uma noite. Uma formiga a viu desesperada e a ajudou, chamando milhares de formigas que fizeram o serviço. Depois ela deveria levar para Afrodite lã de ouro de ovelhas selvagens e venenosas, muito agressivas. Um caniço na beira de um lago a ajudou, contando-lhe que no fim da tarde as ovelhas se acalmavam e iam beber água, e esse seria o momento em que ela poderia colher um pouco da lã que ficava presa nos galhos das plantas. A terceira tarefa foi buscar água na nascente do rio Estiges, no cume de uma montanha muito íngreme e perigosa, guardada por dragões. Uma águia a ajudou levando um frasco, que Afrodite lhe havia dado, em seu bico para coletar a água.
Por último Afrodite a enviou até o reino de Hades, com a missão de pedir à rainha Perséfone o segredo da beleza eterna. Foi advertida de que não poderia espiar o conteúdo da caixa. No caminho não resistiu à curiosidade e ao desejo de ser bela para sempre (e nunca perder a admiração de Eros, que era imortal) e abriu a caixa. Como a beleza eterna não era permitida aos mortais, dentro da caixa Psiquê encontrou o sono eterno. Eros a fez voltar a vida com ajuda de seu pai Zeus. Tomou-a nos braços e batendo as asas levou-a para Olimpo. Zeus deu a Psiquê a vida eterna e asas de borboleta, igualando-a aos deuses.
Eros levou Psiquê de volta ao seu palácio encantado onde viveram felizes para sempre.