Quando a mulher engravida, ou melhor, o casal engravida, idealizam um mundo perfeito para seu filho e um filho perfeito para o seu mundo. Geralmente nove meses se passam de pura idealização e construção deste mundo para a chegada deste ser tão amado e desejado.
Enfim ele nasce. E agora? As questões que antes existiam mudam completamente pois o bebê está ali e é real. Chora, mama, faz xixi e cocô, deseja, demanda, dorme, acorda, chora, chora e chora.
Mas quando os pais chegam ao lado do bebê e ele os olha, tudo muda, o mundo muda, tudo fica belo, amoroso, completo, feliz. A sensação de completude deste momento, deste olhar, só é vivida por quem já teve um filho. Esta felicidade é dividida com avós, tios, cunhados, amigos e pessoas que amamos, os quais sempre vem acompanhados de uma super dica, um palpite, um comentariozinho, uma história familiar, um olhar sobre a educação da criança.
Nesta hora mudam as perguntas sobre o mundo perfeito para o seu filho. O que fazer, qual a melhor maneira de educar? Se ele chora, deixa chorar ou pega no colo? A melhor alimentação, a melhor fralda, dorme no quarto dos pais, dorme no seu quarto, até quando amamentar, qual a melhor hora de tirar a fralda, a chupeta, qual o melhor pediatra, qual é a idade ideal para entrar no colégio, qual o melhor colégio?
Geralmente as pessoas que nos amam nunca dão dicas em consenso. Cada uma tem uma dica diferente. Afinal, são duas famílias que se unem com crenças e valores educacionais diferentes.
Diante deste mar de diferentes influências, os pais devem recolher-se e criar o que chamo de “momento concha”. Trata-se, muito mais do que aparentemente poderia parecer isolamento ou desprezo pelas opiniões dos outros, mas uma oportunidade de reflexão e decisão do que é o melhor para o seu filho. Analisar o que cada um trouxe de sua educação, de seu núcleo familiar, do seu relacionamento e com todos estes elementos, decidirem juntos o ideal nesta educação.
O casal tinha idéias e muitas dúvidas de como iria tratar seus filhos muito antes de tê-los. É por estas idéias que estavam dedicados a realizar um bom trabalho. Quando o bebê nasce geralmente a pergunta de praxe é o que você quer que ele seja quando crescer? Diante de uma pergunta tão típica de nossa sociedade os pais geralmente ainda se surpreendem. A resposta de praxe deveria ser: “quero que meu filho seja uma pessoa feliz.”
Como chegar lá? O MEU FILHO FELIZ!
Em primeiro lugar gostaria de dizer que a escola é uma maravilhosa colaboradora, mas a educação é dever dos pais. A escola é mediadora. Tem um papel importantíssimo no desenvolvimento do seu filho mas quem deve educar seus filhos são vocês pais.
A educação abrange no mínimo três aspectos principais: a personalidade, o caráter e as informações e conhecimentos que os pais julgam fundamentais para a sobrevivência neste mundo imaginário idealizado e planejado por eles. Porém, o mundo real é muito diferente do anterior.
A personalidade e o caráter da criança é dever dos pais. Já a escola tem o papel de orientar e reforçar a educação familiar, que deve ensinar os modelos de convivência e exemplificar a verdade, a alegria, a paz, a tolerância, a justiça,o conhecimento, a moral e os costumes.
A escola colabora, orienta, informa mas os pais e primeiramente eles educam.
Educar é uma das tarefas mais difíceis da vida, principalmente educar um filho.
A maior felicidade dos pais é ter filhos autônomos que consigam se realizar na vida. Isto começa na infância, estimulando autonomia, mas como? Passando segurança, apoiando as primeiras tentativas de fazer algo sozinho como vestir-se ou amarrar o tênis, ou apenas fazer um desenho. Tarefas que para o adulto são simples mas para uma criança a partir dos dois anos é a própria descoberta de novas aprendizagens é a descoberta do mundo, aquele idealizado pelos seus pais.
Muitas famílias se queixam que o estresse do dia-a-dia e o cansaço as impedem de educar, estar mais tempo com seu filho. Realmente é muito difícil mas quem disse que educar é fácil? Criar um equilíbrio entre as responsabilidades diárias é uma tarefa difícil, mas necessária. A verdade é que criar mais problemas em casa por falta de tempo para educar só vai tornar a situação ainda mais complicada.
Os pais ficam angustiados quando vêem seus filhos sem limites, tornando-se rebeldes e não sabendo o que fazer. À medida que o tempo passa e a criança vai crescendo a dificuldade em mudar a situação e impor as regras que os pais deveriam ter estabelecido no “momento concha” vai ficando mais complicado.
Mesmo que os pais não tenham tido o “momento concha” logo após o nascimento, ele sempre poderá existir em qualquer momento da vida e colocar limites para os seus filhos desde cedo, é mais simples de seu filho se adequar ao que você esta propondo.
Ou como disse Pitágoras: “Educai as crianças , para que não seja necessário punir os adultos”.
O relacionamento dos pais e a saúde psicológica do seu filho agradecerão.
Rita de Cássia Spréa Uhle
Psicóloga, Psicopedagoga, Neuropsicóloga.
CRP 08/06901
(41)99103 9571